Showing posts with label Poemas De Amor. Show all posts
Showing posts with label Poemas De Amor. Show all posts

Soneto do amigo Enfim, depois de tanto erro passado Tantas retaliações, tanto perigo Eis que ressurge noutro o velho amigo Nunca perdido, sempre reencontrado. É bom sentá-lo novamente ao lado Com olhos que contêm o olhar antigo Sempre comigo um pouco atribulado E como sempre singular comigo. Um bicho igual a mim, simples e humano Sabendo se mover e comover E a disfarçar com o meu próprio engano. O amigo: um ser que a vida não explica Que só se vai ao ver outro nascer E o espelho de minha alma multiplica...

Certas palavras podem dizer muitas coisas; Certos olhares podem valer mais do que mil palavras; Certos momentos nos fazem esquecer que existe um mundo lá fora; Certos gestos,parecem sinais guiando-nos pelo caminho; Certos toques parecem estremecer todo nosso coração; Certos detalhes nos dão certeza de que existem pessoas especiais, Assim como você que deixarão belas lembranças para todo o sempre:

De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.

"Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure...''

Amo-te tanto, meu amor...não cante O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante Nunca, sempre diversa realidade. Amo-te afim, de um calmo amor prestante, E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente. E de amar assim muito amiúde É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude.

SONETO DO AMOR MAIOR Maior amor nem mais estranho existe Que o meu, que não sossega a coisa amada E quando a sente alegre, fica triste E se a vê descontente, dá risada. E que só fica em paz se lhe resiste O amado coração, e que se agrada Mais da eterna aventura em que persiste Que de uma vida mal aventurada. Louco amor meu, que quando toca, fere E quando fere vibra, mas prefere Ferir a fenecer - e vive a esmo Fiel à sua lei de cada instante Desassombrado, doido, delirante Numa paixão de tudo e de si mesmo.

De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor ei de espalhar meu canto e rir meu riso e derramar meu pranto ao seu pesar ou seu contentamento E assim quando mais tarde me procure quem sabe a morte angustia de quem vive quem sabe solidão fim de quem ama Eu possa lhe dizer do amor (que tive) Que não seja imortal posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.

PARA VIVER UM GRANDE AMOR Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor. Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor. Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor. Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor. Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor. Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor. Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor. É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor... Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor? Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor. É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor. Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.

O sofrimento é o intervalo entre duas felicidades.

Veja Você Veja você, eu que tanto cuidei da minha paz Tenho o peito doendo, sangrando de amor Por demais Na dor eu sei a extensão da loucura que fiz Eu que acordo cantando Sem medo de ser infeliz Quem te viu, quem te vê, hein, rapaz? Você tinha era manias demais Mas aí o amor chegou Desabou a sua paz Despediu seu desamor pra nunca mais Algum dia você vai compreender A extensão de todo bem que eu lhe fiz E você há de dizer: meu amor, eu sou feliz Quem te viu e quem te vê, hein, rapaz?

Vamos brincar, amor? vamos jogar peteca Vamos atrapalhar os outros, amor, vamos sair correndo Vamos subir no elevador, vamos sofrer calmamente e sem precipitação? Vamos sofrer, amor? males da alma, perigos Dores de má fama íntimas como as chagas de Cristo Vamos, amor? vamos tomar porre de absinto Vamos tomar porre de coisa bem esquisita, vamos Fingir que hoje é domingo, vamos ver O afogado na praia, vamos correr atrás do batalhão? Vamos, amor, tomar thé na Cavé com madame Sevignée Vamos roubar laranja, falar nome, vamos inventar Vamos criar beijo novo, carinho novo, vamos visitar N. S. do Parto? Vamos, amor? vamos nos persuadir imensamente dos acontecimentos Vamos fazer neném dormir, botar ele no urinol Vamos, amor? Porque excessivamente grave é a Vida."

Amor em paz Eu amei Eu amei, ai de mim, muito mais Do que devia amar E chorei Ao sentir que iria sofrer E me desesperar Foi então Que da minha infinita tristeza Aconteceu você Encontrei em você a razão de viver E de amar em paz E não sofrer mais Nunca mais Porque o amor é a coisa mais triste Quando se desfaz

Amor Vamos brincar, amor? vamos jogar peteca Vamos atrapalhar os outros, amor, vamos sair correndo Vamos subir no elevador, vamos sofrer calmamente e sem precipitação? Vamos sofrer, amor? males da alma, perigos Dores de má fama íntimas como as chagas de Cristo Vamos, amor? vamos tomar porre de absinto Vamos tomar porre de coisa bem esquisita, vamos Fingir que hoje é domingo, vamos ver O afogado na praia, vamos correr atrás do batalhão? Vamos, amor, tomar thé na Cavé com madame de Sevignée Vamos roubar laranja, falar nome, vamos inventar Vamos criar beijo novo, carinho novo, vamos visitar N. S. do Parto? Vamos, amor? vamos nos persuadir imensamente dos acontecimentos Vamos fazer neném dormir, botar ele no urinol Vamos, amor? Porque excessivamente grave é a Vida. in Poesia completa e prosa: "Poesias coligidas"

Ai, quem me dera Ai quem me dera, terminasse a espera E retornasse o canto simples e sem fim... E ouvindo o canto se chorasse tanto Que do mundo o pranto se estancasse enfim Ai quem me dera percorrer estrelas Ter nascido anjo e ver brotar a flor Ai quem me dera uma manhã feliz Ai quem me dera uma estação de amor Ah! Se as pessoas se tornassem boas E cantassem loas e tivessem paz E pelas ruas se abraçassem nuas E duas a duas fossem ser casais Ai quem me dera ao som de madrigais Ver todo mundo para sempre afins E a liberdade nunca ser demais E não haver mais solidão ruim Ai quem me dera ouvir o nunca mais Dizer que a vida vai ser sempre assim E finda a espera ouvir na primavera Alguem chamar por mim...

Cala, meu amor Entra, meu amor Bom você voltar De onde vem você Cansado assim? Vejo tanta dor No teu triste olhar Este olhar que, outrora Se acendia só pra mim Cala, meu amor Fala, meu amor É melhor você nada contar Venha aos braços meus Que os abraços meus Vão finalmente te fazer calar in Poesia completa e prosa: "Cancioneiro"

Canção de ninar meu bem Hoje a lua despiu seu véu E flutua a dormir no céu Na canção que de mim nasceu Meu amado adormeceu Meu amado adormeceu Dorme, meu amor Como no céu a lua Tu serás sempre meu E eu só tua Dorme, amigo, que a poesia É um mistério que não tem fim Dorme em calma Que assim, um dia Dormirás para sempre em mim Dormirás para sempre em mim

Canção do amor que chegou Eu não sei, não sei dizer Mas de repente essa alegria em mim Alegria de viver Que alegria de viver E de ver tanta luz, tanto azul! Quem jamais poderia supor Que de um mundo que era tão triste e sem cor Brotaria essa flor inocente Chegaria esse amor de repente E o que era somente um vazio sem fim Se encheria de cores assim Coração, põe-te a cantar Canta o poema da primavera em flor É o amor, o amor chegou Chegou enfim in Poesia completa e prosa: "Cancioneiro"

Eu Sei Que Vou Te Amar Eu sei que vou te amar Por toda a minha vida eu vou te amar Em cada despedida eu vou te amar Desesperadamente, eu sei que vou te amar E cada verso meu será Prá te dizer que eu sei que vou te amar Por toda minha vida Eu sei que vou chorar A cada ausência tua eu vou chorar Mas cada volta tua há de apagar O que esta ausência tua me causou Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver A espera de viver ao lado teu Por toda a minha vida

Canção Do Amor Demais Quero chorar porque te amei demais Quero morrer porque me deste a vida Oh meu amor, será que nunca hei de ter paz Será que tudo que há em mim Só quer sentir saudade E já nem sei o que vai ser de mim Tudo me diz que amar será meu fim Que desespero traz o amor Eu nem sabia o que era o amor Agora sei porque não sou feliz

É fácil trocar as palavras, Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado, Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto, Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos, Difícil é reter o calor!
É fácil sentir o amor, Difícil é conter sua torrente!
Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo."